Setor rodoviário de passageiros desconsidera etarismo e prioriza profissionais mais experientes na hora de contratar
Na
função de motorista, por exemplo, uma das principais peças da
engrenagem no setor e com data celebrada este mês, a média de idade nas
empresas do Grupo JCA é de 47
anos;
- Wilson Pereira de Oliveira, 63, tem mais de 25 anos de experiência ao volante, 18 deles dedicados à empresa
O
Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) corroborou algumas previsões feitas pelo próprio
instituto: a
população brasileira está envelhecendo. Maior expectativa de vida -
hoje na faixa dos 77 anos – e a queda no número médio de filhos por
mulher - nos anos 60 de 6,3 e atualmente 1,7 - ajudam a explicar o
fenômeno. Outra estimativa do próprio
órgão aponta que até 2030 o número de pessoas com 60 anos ou mais deve
superar o percentual de jovens. No entanto, a inclusão dessa fatia da
população no mercado de trabalho nem sempre é a ideal.
O
etarismo - preconceito e discriminação baseados na idade de um
indivíduo - já é considerado um problema global, resultando em longos
períodos de desemprego até a aposentadoria - situação que deve
ser acentuada devido aos fatores descritos acima. A
boa notícia é que no setor rodoviário de passageiros, a pirâmide é
exatamente inversa: há uma preferência na contratação de pessoas mais
experientes, especialmente em uma das principais peças da
engrenagem, o motorista – com o dia celebrado neste mês de julho.
No
Grupo JCA, por exemplo, detentor de grandes marcas de transporte como a
Auto Viação 1001, Cometa e Catarinense, a média de idade dos
profissionais ao volante é de 47 anos. De acordo com a diretora de
recursos humanos da empresa, Simone Poubel, a busca por perfis mais
experientes é uma marca da empresa, não se restringindo apenas às áreas
operacionais, mas também passando pelas de gestão e apoio. "É uma
política nossa essa busca por perfis de
maior senioridade, especialmente em áreas onde as vivências são
extremamente importantes nas tomadas de decisão", comenta.
Ainda de acordo com Poubel, essa premissa contribui para que a média etária da empresa em todas as posições seja de 41 anos. Destaca ainda outro fator que contribui para esse indicador: a permanência desses colaboradores no Grupo. Há muitos cujo tempo de casa ultrapassa 10 anos.
Experiência e contribuição com a segurança nas viagens
Wilson
Pereira de Oliveira, de 63 anos, é um dos que ajuda a alavancar esses
dois indicadores - média de idade dos colaboradores e tempo de
permanência. São 18 anos como funcionário do Grupo JCA, sendo
cinco anos dedicados à Auto Viação 1001 e os outros 13 à Viação Cometa. O
profissional já soma 25 anos de experiência ao volante. Durante esse
tempo pôde acompanhar diversas transformações no setor e na própria
companhia, como ampliação na
estrutura, capacitação de profissionais e integração deles com demais
setores, mas de acordo com ele uma coisa permanece intacta: a
valorização aos profissionais mais experientes.
"Temos
muita confiança por parte dos diretores e funcionários de escala. Em
trechos onde é necessária maior atenção ou em fretamentos de maior
complexidade, há uma preferência pelos colaboradores mais
antigos por saberem que estamos inseridos na cultura da empresa, pela
quantidade de capacitações que recebemos e, especialmente, pelo
conhecimento de direção que contribui muito para oferecermos uma
condução segura e confortável", relata
Oliveira.
Parar
ainda não é uma opção para o experiente motorista. De acordo com ele,
isso já poderia ter sido feito há oito anos, quando se aposentou, mas o
amor pela profissão e a disposição ainda são bem
maiores do que a vontade de largar o cockpit do ônibus. "Ainda tenho
muita lenha para queimar. Faço academia, adoro correr e pedalar. Mesmo
quando estou escalado, aproveito a estrutura que temos nas garagens para
treinar e descansar bem. É claro que
também tenho vontade de curtir ainda mais meus seis netos. Falo para
eles que quando chegar aos 65 (anos) eu paro. Antes disso acho que não",
conta o motorista.